sexta-feira, 27 de março de 2009

Segundo Zanotto o texto é uma “unidade lingüística empírica concreta, produto final, legível, audível, com propósito comunicativo” que pode ser dividido pelas suas características comuns denominadas categorias de gênero, que, por sua vez, são subdivididas em gêneros de texto.
O ofício é uma correspondência oficial e externa, enviada normalmente a funcionários ou autoridades públicas, sendo o tipo mais comum de correspondência oficial expedido por órgãos públicos, em objeto de serviço. Seu destinatário, no entanto, além de outro órgão público, pode ser também um particular. O conteúdo do ofício é matéria administrativa, mas pode vincular também matéria de caráter social, oriunda do relacionamento da autoridade em virtude de seu cargo ou função.
O modelo analisado trata-se de um oficio encaminhado pela diretora em exercício do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias da Universidade do Estado da Bahia ao diretor de transporte da Prefeitura de Camaçari. Neste modelo, observam-se as características pertinentes para que o documento seja reconhecido como um ofício, tais como tipo e número de expediente seguido da sigla do órgão que emite; local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita; destinatário; e o texto.
Dentro do conceito de interacionismo sociodiscursivo, nota-se que o ofício desempenha de forma clara e objetiva o papel de troca de informações entre os membros de um mesmo ambiente. No caso analisado, observa-se a tramitação de informações entre os funcionários públicos de órgãos diferentes, colocando em prática o papel de interação social, já que quando duas ou mais pessoas entram em contato, a ação do emissor, acaba estimulando a resposta ou ação do destinatário, formando, portanto uma cadeia de estímulos e respostas, sendo essa de forma indireta, uma vez que o contato social é feito por um meio de comunicação escrito e não por um contato direto (frente a frente), até porque o simples contato físico não é justificativa para que haja uma interação social.
Os elementos que precedem o texto dos ofícios contribuem para identificação do órgão. No exemplo estudado, observa-se que é um ofício encaminhado pela diretora de uma universidade, logo faz presente em seu cabeçalho o nome da universidade, a identificação do departamento, a seqüência do ofício e o período em que o mesmo foi encaminhado.
Entendemos como leis do discurso as normas do filósofo americano Grice (1960) que devem ser respeitadas pelos participantes de um ato de comunicação verbal, ficando definidas pela lei da pertinência (a adequação ao contexto), a lei da sinceridade (o engajamento do enunciador no ato de fala), a lei da informatividade (para que o destinatário possa inferir subentendidos), e a lei da exaustividade (o enunciador deve dar a informação máxima, considerando a situação).
No ofício analisado, nota-se o ato de “sinceridade” a partir do momento em que é feito uma solicitação para autorizar que os funcionários listados possam fazer a carteira para utilizar o ônibus que faz roteiro para UNEB/Camaçari. Se trata, portanto, da lei da sinceridade, visto que o pedido vincula atos de fala viabilizáveis, cabíveis e sinceros. Observa-se também a lei da pertinência, pois o texto veiculado (solicitação para realização de carteira de ônibus) é pertinente à função do destinatário, uma vez que o mesmo é Diretor de Transporte da Prefeitura de Camaçari.

Já lei da informatividade trata o texto como um conjunto de idéias que dão sentido ao discurso, deixando, portanto de ser um aglomerado de frases. A informação no ofício analisado está detalhada de forma suficiente para que o destinatário possa compreender e atender se possível à solicitação pedida, feita de uma forma consistente e com as informações necessárias para a realização do mesmo, trazendo o nome dos funcionários que devem ser atendidos e o número de identificação que nesse caso é do registro de identificação, válido em todo o território nacional. Essas mesmas informações são suficientes e pertinentes para dar total entendimento ao interlocutor, atendendo dessa maneira à lei da exaustividade, que exige que o locutor dê, sobre o tema de que se fala, as informações mais completas que possuir.

Partindo para a análise da sua estrutura ou arquitetura global, o ofício aplica-se a qualquer tipo de comunicação revestida de certa solenidade e de uso em circunstâncias especiais; em sua estrutura verifica-se um discurso direto com modalidade retórica descritiva e procedimental. Em citação do texto de Zanotto, trabalhado na disciplina Português Instrumental, as modalidades retóricas constituem as estruturas e funções textuais, podendo ser: narrativa, descritiva, argumentativa e procedimental.
A arquitetura geral de um ofício, mais especificamente o que foi adotado pela equipe para análise, compreende: elementos paratextuais contextualizadores pré textuais, elementos textuais e elementos paratextuais contextualizadores pós textuais. Esses elementos juntos compõem o texto global, designado como um conjunto de todos os elementos que constituem o texto, tanto paratextuais e paralinguísticos, quanto o texto em sentido estrito.
Os contextualizadores pré textuais no ofício adotado foram: o timbre (elemento identificador); número do ofício, nome da instituição e cidade (elementos localizadores); local e data (o mês em minúsculo); invocação ou vocativo (o título do destinatário aparece seguido de dois pontos, vírgula ou sem pontuação), faremos uma ressalva que o mesmo pelas exigências do manual da Presidência segue essa especificação e no ofício emitido pela instituição segue logo abaixo do nome e dados do emissor, cometendo assim um erro segundo as exigências do manual da Presidência.
O elemento textual adotado foi o movimento retórico descritivo e procedimental, que segundo o texto de Zanotto esse movimento é a essência do texto global, é responsável pelos propósitos comunicativos principais, abrangendo do primeiro ao último parágrafo do enunciado textual.
Os contextualizadores pós textuais adotados foram: frase de fechamento (enriquecendo o pedido com votos de apoio e estima), fórmula de respeito tal como: Atenciosamente ou Respeitosamente (enfatizando a cordialidade do texto); assinatura com o nome e função do signatário.
Resumidamente o quadro da estrutura global do ofício:
Elementos paratextuais pré – textuais/ Contextualizadores pré textuais: Timbre (identificador); número do ofício e cidade (localizador); local e data; vocativo.
Elementos Textuais: Movimento retórico procedimental (propósito comunicativo)
Elementos paratextuais pós textuais/ Contextualizadores pós textuais: Frase de fechamento; fórmula de respeito, assinatura e em alguns ofícios tem-se rodapé com endereço, nº de fax e tefefone de contato da instituição e email (no caso do ofício adotado não há esse contextualizador)

Mesmo numa época de inovações tecnológicas da informação, o ofício é muito utilizado por instituições, empresas e órgãos públicos. Esse gênero de texto que circula com função específica, para uma pessoa ou público específico e com características próprias, é um documento oficial para agilizar e formalizar a integração comunicativa, seguindo um parâmetro técnico, mantendo assim contatos profissionais.
OBS: O modelo de ofício adotado não esta dentro das exigências do manual da Presidência para ofícios.
Segundo o Manual da Presidência, o ofício assim como o aviso e o memorando devem conter:
Partes Diagramação (forma de apresentação)
Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede; Deve ser utilizada fonte tipo: Times New Roman, de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações e 10 nas notas de rodapé;
Local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita; Para símbolos não - existentes na fonte Times New Roman poder-se-á utilizar fontes Symbol e Wingdings;
Assunto, que é o teor do documento; É obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
Destinatário: nome e cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação, e inclui-se também o endereço; O início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância de margem esquerda;
Texto; O campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm de largura;
Fecho; O campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm de largura;
Assinatura do autor da comunicação; Deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou de uma linha em branco;
Identificação do Signatário. Não deve haver abuso do uso do negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreamento, sombra relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
Impressão do texto deve ser feita na cor preta em papel branco, todos os tipos de documento no padrão Ofício devem ser impressos em papel tamanho A-4 (29,7 x 21,0).








Ofício utilizado pela equipe:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – DCHT Campus XIX – Camaçari

Oficio n° 172/2008 - DCHT
Camaçari, 10 de novembro de 2008.

Prezado Senhor,
Vimos por meio deste, solicitar a Vossa Senhoria autorização para os funcionários abaixo relacionados possam fazer a carteira para utilizar o ônibus que faz o roteiro para UNEB/Camaçari.
1. Ana Lívia Carvalho– RG: 14050572-10
2. Caio Filipe Albuquerque – RG: 00128511-31
3. Lins Vasconcelos– RG: 09971845-66

Certos da compreensão e apoio de Vossa Senhoria, aproveitamos a oportunidade para renovar nossos votos de elevada estima e alta consideração.
Atenciosamente,

Josete Bispo R. Oliveira
Diretora em Exercício
UNEB/DCHT – Campus XIX
Cadastro 74.437.352-3
Port. nº 2589/2008

Ilmo. Sr.
Dilvani Gomes
MD Diretor de Transporte da Prefeitura de Camaçari
Camaçari – Bahia